Jean Stelmach foi eleito Embaixador dos Vinhos do Alentejo no Brasil durante o ano de 2019 e conversamos com ele para saber um pouco mais sobre o concurso e o Alentejo. Confira!
O que te levou a participar do concurso que elegeu o melhor sommelier Vinhos do Alentejo no Brasil?
Muito mais do que o título, o motivo maior era a viagem de estudo. Quando você visita a passeio uma região vinícola é tudo lindo e encantador e você relaxa come e bebe muito bem. Mas sabia que ir com um grupo de profissionais selecionados pela Comissão Regional dos Vinhos Alentejanos (CVRA) seria uma experiência incrível, onde os produtores e enólogos nos levariam para dentro das suas adegas e vinhedos e nos dariam uma aula a cada visita, e isso não teria preço.
Quais são os critérios de seleção dos candidatos para participar do concurso? Qualquer pessoa pode participar?
O concurso é voltado para profissionais da área de restaurantes, lojas, importadoras e escolas de vinhos. Não necessariamente tem que ser um sommelier profissional, mas sim tem que trabalhar na área. Em 2018 foram mais de 120 pessoas inscritas em 4 turmas divididas entre São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Florianópolis. Participamos de uma masterclass com o jornalista e mestre em Alentejo Alexandre Lalas, depois fizemos uma rodada de degustação comentada e por fim uma prova escrita sobre tudo em relação ao Alentejo. Um segredo, participei em 2017 e não consegui passar para a 2ª etapa, não desanimei e estudei muito em 2018.
Qual é o processo do concurso?
Passada as provas no Brasil em setembro, são selecionados os 2 melhores desempenhos de cada cidade e são convidados pela CVRA a irem ao Alentejo em fevereiro do ano seguinte para a segunda etapa. Chegando a Portugal ficamos sediados na lindíssima Évora e de lá saímos diariamente para visitar os produtores. No total foram 12 vinícolas em 4 dias, provamos cerca de 140 vinhos e aprendemos muito sobre o cultivo e vinificação dos vinhos. Na sexta-feira de manhã tivemos a final do concurso em Évora, no hotel M’ar De Ar Muralhas. Primeiramente todos os participantes fizemos uma prova escrita e correção de uma carta de vinhos.
Depois era hora das provas práticas individuais de serviço de vinhos. Ai que a coisa fica legal. O candidato entrava em uma sala e seriam testadas suas habilidades de sommelier, sua postura, comunicação, seguida de perguntas e respostas. Tudo isso simulando uma situação de restaurante. Três convidados à mesa e tínhamos 10 minutos para dar o show. Na minha mesa tinha o Sr. Francisco Mateus presidente da CVRA, Alexandre Lalas e Rodolfo Tristão, Sommelier-Diretor de vinhos do Grupo Avilez. Eu me senti muito a vontade, e como adoro servir e contar histórias à mesa, tive uma experiência única.
No fim, quem apresentou o melhor desempenho em todas essas provas foi eleito o melhor sommelier dos Vinhos do Alentejo e se tornou um Embaixador no Brasil. Neste ano ralei muito e consegui me destacar e vencer a 6ª Edição entre um time fortíssimo de sommeliers profissionais de alguns restaurantes de alto padrão do nosso país.
Em que esta experiência te enriqueceu?
Com certeza no conhecimento, nas informações técnica e claro degustações de vinhos. Tudo isso foi muito importante. Porém tão importante quanto isso, são as pessoas e lugares que conheci. Como diz o Sr. Serge Zehil, vinho é relacionamento e o melhor de tudo isso foi descobrir um Alentejo de um povo trabalhador e que tem bons vinhos.
Está bem, confesso, comer e beber no Alentejo é muito bom!
Quais são as suas recomendações para os turistas brasileiros interessados em conhecer o Alentejo?
Quando as pessoas me perguntam o que fazer no Alentejo a primeira coisa que digo é que não se trata do que fazer, mas de como faz. Você não pode ir com pressa ao Alentejo, o tempo passa diferente por lá. Mas tem muita coisa legal pra fazer, lugares incríveis, restaurantes com comidas típicas e cartas de vinhos bem alentejanas.
Onde ficar: Em Évora recomendo o Hotel M’ar De Ar Muralhas. É uma construção antiga dentro da cidade murada, de andar baixo, nada sofisticado, mas muito confortável. Largue as malas e suba a lomba em frente do hotel para o Café Alentejano, comida boa, carta legal.
Dica 1: não leve vinho aos restaurantes!
Dica 2: para quem gosta de vinhos de safras mais antigas, o alentejano não bebe este tipo de vinhos, sempre que puder pergunte o que tem fundo da sua adega. Provei umas coisas bem legais do século passado, por uma pechincha.
Com as forças revitalizadas caminhe por dois minutos e estará na Praça 1º de maio onde se pode visitar a famosa Catedral do Osso (não fui, preferi as garrafeiras tem uma bem maneira ali perto, chama Louro).
Ainda em Évora não deixe de visitar o pessoal da CVRA. Lá eles vão te dar uma aula de história da região, provará alguns vinhos e acho que se disser que foi dica do embaixador pode até ganhar um desconto!
Em 50 min de carro de Évora chega em Monsaraz. O Castelo é lindo e lá em cima o tempo pára e a Espanha é logo ali. Tem um pequenino restaurante por lá que se chama Xarez, anote esse nome é muito bom. Atenção aos dias de funcionamento.
A Zahil importa exclusivamente os vinhos da Herdade do Peso. Quais são as suas recomendações para as festas de fim de ano?
Tudo! A Herdade do Peso está localizada ao sul do Alentejo em umas da 8 DOCs alentejanas chamada Vidigueira minha paixão nº 2 no Alentejo.
O Alentejo durante o verão e na época de amadurecimento é uma região bem quente, mas a Vidigueira é beneficiada por uma brisa marítima que refresca as noites fazendo com que seus vinhos tenham muito mais frescor que a média da região.
BRANCOS E ROSÉS
Os brancos e rosé da Herdade do Peso são leves e vibrantes. Receba seus familiares e amigos com uma taça do fresquíssimo Sossego Branco. Todos vão amar!
TINTOS PARA AS REFEIÇÕES
Nas combinações com comidas os tintos são versáteis, volumosos, mas com ótima fruta e delicioso frescor. Meu favorito é Trinca Bolotas, um campeão de vendas lá em Portugal e aqui não é diferente. Sempre que puder compre umas garrafas, o segredo além do porquinho simpático no rótulo é a uva, Alicante Bouschet minha paixão nº 1 no Alentejo. Ela dá um vinho intenso, de taninos firmes, fruta exótica, mas a produção é menor em comparação aos vinhos de entrada.
FESTAS DE FIM DE ANO
Como as festas e comidas do fim do ano não são nada leves, eu fecho com o Herdade do Peso Reserva. Tem quase 70% do seu corte baseado em Alicante Bouschet, 12 meses em carvalho e mais 6 meses em garrafa antes de sair para o mercado. Complexo, aroma intenso, taninos firmes, mas macios, sem dúvida faz par perfeito aos assados das festas de fim de ano.
Aproveite as dicas, aprecie os vinhos da Herdade do Peso e se for ao Alentejo, por favor, não tenha pressa!
Boas festas!
VINHOS – HERDADE DO PESO
